THE LOST BOYS (1987)

Fiz um trabalho sobre Terror para o mestrado, e este filme, que nunca vira, apareceu-me várias vezes nas pesquisas. Depois de saber da morte do diretor, Joel Schumacher, decidi vê-lo. É uma aventura de terror para adolescentes, uma espécie de Goonies com vampiros de uma época em que um filme para jovens não precisava ser um pastel sem sal. Extremamente divertido, e o estilo escandaloso de Schumacher, que lhe valeu tantas críticas durante toda a carreira, cola nele como uma luva.

KIDDING, S02E05, "Episode 3101" (2020)

Para definir o género de algumas grandes séries atuais, sempre me lembro de um título do Nuno Costa Santos: "melancómico". Prefiro-o a "dramedy" ou tragicomédia, porque não me parece que haja muito drama ou tragédia em Derek, After Life ou Ramy. Em todas, a observação satírica dos tipos ainda parece mais importante do que acompanhar o percurso do protagonista através de obstáculos até um grande objetivo ou do que ver a húbris das personagens sofrer um belo castigo divino. É como se o Coiote continuasse a perseguir o Papa-Léguas, mas fosse um pouco triste sempre que não conseguisse. Ora, Kidding cai redonda no género. As suas personagens passam por cirurgias, mortes, divórcios e, no entanto, melhor ou pior, lá vão seguindo em frente. Parece-me um tom extremamente próximo do da vida quotidiana, onde o tempo gosta de transformar o amargo em agridoce. A recente 2ª temporada não surpreende tanto quanto a primeira, mas continua uma série encantadora, e este episódio, dirigido pelo próprio Michel Gondry, é nada menos do que uma pequena maravilha..

PASOLINI (2014)

Nunca fui o maior apreciador de Abel Ferrara, esse americano que os franceses e os italianos tomaram para si, e por isso nunca fui o seu maior conhecedor. Aqui ele pôs Willem Defoe a interpretar Pasolini no seu último dia de vida. Defoe é sempre um gigante, mesmo quando é um gigante dublado em italiano. Porém, o filme oscila entre homenagem, ensaio e reconstituição histórica e parece que não se encontra em lugar nenhum..

Dimension 1991-2024 (2010)

Encontrei uma joia. E não uma joia qualquer: era praticamente um diamante perdido.
Em 2001, fiz um trabalho sobre Lars von Trier para a universidade. Descobri que o diretor tinha um projeto em curso chamado "Dimension". Li a descrição e fiquei curiosíssimo.
"Dimension" era muito ambicioso: um longa que começara a ser filmado em 1991 e seria lançado em 2024, gravando 3 minutos todos os anos com o elenco que von Trier tivesse mais à mão. Na época, não se sabia muito mais, mas descobriu-se depois que o diretor perdeu o interesse e interrompeu o projeto em 1997. Durante anos, o material gravado ficou guardado sem que ninguém o visse. 
Pensem no que estava capturado nessas imagens. Os estilos, formatos e atores de von Trier desde "Europa" até "Os Idiotas". O Dogma 95 espontando na frente dos nossos olhos. O último papel de Eddie Constantine.
Em 2010, os 27 minutos gravados finalmente viram a luz do dia quando foram lançados como curta num DVD suplemento da revista dinamarquesa Ekko.  Porém, a distribuição foi limitada e, durante anos, não se encontrava na Internet mais do que os primeiros minutos. 
Quando o tempo e a lembrança coincidiam, eu pesquisava tudo o que era site só para ver se alguma coisa nova tinha aparecido. Nunca tive sorte.
Hoje, fazendo mais uma tentativa, descubro que um perfil brasileiro subiu a versão completa de 27 minutos no Youtube. Quase caí da cadeira. 
Se forem fãs de Lars von Trier, vejam, porque isto é uma preciosidade.

A GIRL WALKS HOME ALONE AT NIGHT (2014)

Por acaso, foi o 2º filme de terror iraniano que vi estes dias (depois de À Sombra do Medo, de 2016, uma história mais tradicional de mãe que protege a filha de monstrinhos). Mas este é especial: um arthouse com toque de série B e belíssima fotografia pb sobre uma vampira que mora numa cidadezinha, passeia à noite de chador e curte um electropop. Detalhe: este é um Irã de exilados. A diretora e os atores são iranianos, mas a produção é americana e foi filmado na Califórnia. Além disso tudo, também é uma história de amor. Talvez o terror mais interessante que vi desde The Lure (2015).