Fresh Prince do Google

httpv://www.youtube.com/watch?v=LMkJuDVJdTw
Este vídeo do cdza é fabuloso - como todos costumam ser, aliás -, mas lembrou-me de que, há 5 anos, eu já provava que o Google Translate é uma conspiração governamental.
A tradução
O que acontece se disser que o Governo não presta e traduzir sucessivamente no Google para inglês, francês, alemão, inglês, coreano, inglês, chinês, inglês, japonês, inglês, árabe, inglês e português?

Quando chamado, eo nosso governo não só foram traduzidos para o inglês, francês, alemão, inglês, coreano, inglês, chinês, coreano, japonês, inglês, árabe, inglês e português.

As línguas ficam, mas perde-se o "o Governo não presta". É por estas e por outras que não acredito nas relações internacionais.

Retratação

Fui injusto para Haddad. Aparentemente, ele ter tomado posse no 1 de Janeiro e, mais ou menos pelo mesmo dia, os sem abrigo à frente da minha casa terem desaparecido foi mesmo uma coincidência. Foi uma falha minha não ter percebido logo que os "seguranças" de cacetete que agora ficam sentados ao longo de algumas quadras do Minhocão foram contratados pelos comerciantes da área, mais o condomínio do meu próprio prédio, que, pelos vistos, estavam muito incomodados por haver pessoas a procurar o abrigo do viaduto gigante que atravessa a cidade. Foi uma falha minha não ter assumido logo que o espaço público está a ser guardado por seguranças privados, que usam a coação física para selecionar quem pode usar a rua e de que forma. E falhei também por pensar que alguém poderia achar isto mau. Pelo fato, as minhas desculpas.

Voltar a São Paulo: as novidades

Haddad tomou posse, substituindo Kassab na prefeitura de São Paulo. Segundo as notícias, ele vai ter de subir os transportes 30 centavos, porque o Kassab não fez a atualização que deveria ter feito o ano passado. O fato de ter havido eleições no ano passado não é pura coincidência.

Cheguei ontem e reparei que não há mais sem-abrigo a dormir por baixo do Minhocão. Mas, aqui e ali, há uns tipos sentados em cadeiras de praia. Perguntei ao porteiro do meu prédio se ele sabia o que tinha acontecido. Os sem-abrigo foram postos a andar ontem ou anteontem. Provavelmente, meteram-nos num ônibus e levaram-nos para Interlagos. Já não seria a primeira vez. A diferença é os tipos nas cadeiras, que agora estão lá para fiscalizar que mais ninguém se venha abrigar por baixo do viaduto. O fato de o candidato que ganhou as eleições ter tomado posse no 1 de Janeiro também não é pura coincidência.

2013?

Que uso se pode dar a esta complicação chamada tempo?

O calendário juliano foi implementado em 46 e vigorou durante 1536 anos.

Enquanto ele organizava as datas do Império Romano e da Cristandade, os árabes entraram na Península Ibérica (711). Até à inclusão do Algarve (1249), Portugal, em todo ou em parte, foi árabe.

Foram 538 anos.

Claro que, na época, Portugal seguiu o calendário islâmico e, segundo este, a ocupação terá durado uns 554 anos. Mas, para facilitar, digamos 538 anos.

O que são 538 anos?

Há 538 anos, Portugal ainda não tinha chegado à Índia, ao Brasil, ao Cabo da Boa Esperança. Nem a linha do Equador tínhamos passado ainda. Os tupis do Brasil ainda não tinham conhecido capitanias, bandeirantes, o Deus católico, europeus ou pão de queijo.

O calendário juliano foi substituído pelo gregoriano em 1582.

Isto foi há 431 anos.

O que significa que o calendário que todo o mundo hoje segue está em vigor há menos tempo do que o tempo que Portugal foi árabe.

Segundo o calendário juliano, hoje estaríamos ainda no dia 19 de Dezembro de 2012.

Ou seja, festejar o ano novo não é celebrar bem uma "coisa" ou um "fato".

Festejar o ano novo é celebrar um fait-divers que decorre do sistema que o papa Gregório III e académicos como Christopher Clavius ou Luigi Giglio impuseram em 1582.

O ano novo só é celebrado em todo o mundo porque a colonização europeia levou o calendário gregoriano a todo o mundo. Como a ocupação árabe, por seu lado, trouxera o calendário islâmico para a Península Ibérica.

Hoje, os tupis estão quase extintos e o Brasil tem europeus e pão de queijo. Portugal, por seu lado, já não tem nem um átomo do ouro que ganhou durante os Descobrimentos.

Mas, pelo menos, todos sabemos quando chegamos atrasados.

Este texto teve o apoio do Calendar Converter.

Retrospectiva, 2 de 2: as melhores coisas que li online em 2012

2012 foi o ano em que me lembrei que o meu Kindle estava mesmo a calhar para ler textos longos. Não falo de livros ou jornais - para esses já sabia que era bom - mas mesmo daqueles que se encontram na Internet durante o dia, que não se podem ler no momento e que não se querem esquecer mais tarde.

Daí, foi só um passo até encontrar o aplicativo Send To Kindle (aqui na versão Firefox, mas também há para o Chrome), que, com uma configuração mínima, permite enviar os textos para o aparelho com um só clique. Quando, por essa mesma altura, descobri também os sites LongForm (meu preferido) e LongReads, que se especializam em reunir ligações para, lá está, artigos longos, a desgraça foi total.

Este texto será longo. Se você tem um Kindle, siga os passos que descrevi. Vai-me agradecer no fim.

Ter algumas das melhores peças do jornalismo mundial, de graça e rapidamente, num aparelho que anda sempre comigo é como ter uma revista personalizada que se está sempre a atualizar. A maioria dos artigos que incluo aqui veio do LongReads e do LongForm, mas também li muitas coisas do Público, da Folha e do BoingBoing, blog que acompanho há anos e que, por mim, já tinha ganho o Pulitzer vinte vezes.

OS ARTIGOS
2 Good 2 Be 4Gotten: An Oral History of Freaks and Geeks
JAMES FRANCO: I was interested in the writing, so after hounding Judd and Paul they said, “You want to see how it’s written?” They took me into Judd’s office, and they wrote a scene right in front of me, just improvising as the characters out loud. That was really important for me.
Andava na universidade quando a Sic Radical fez uma maratona de Freaks and Geeks. Não sabia nada da série, mas, durante dois dias, não saí da frente da TV. Ver gajos que admiro como Judd Apatow, Jason Segel e James Franco a falar de uma das coisas que mais gostaram de fazer na vida é um luxo.

With Friends Like These
DAVID SCHWIMMER: I thought it was significant for us to become a mini-union. Because there began to be a lot of decisions that had to be made by the group in terms of publicity. That was actually a by-product of how the impulse originated, which was from my ensemble theater.

Ao longo da vida, já conheci pessoas que reverenciavam Friends. Também conheci outras que odiavam a série. E todas eram respeitáveis. Para mim, Friends é uma boa - sublinho o "boa" - sitcom de fim de tarde na RTP2 e não mais do que isso. Mas o seu impacto cultural foi muito grande e as personagens tornaram-se símbolos dos diferentes tipos de jovens adultos. Aqui, os atores e criadores falam sobre a génese, produção e final do programa.

‘I Pretty Much Wanted to Die’
The biggest problem with the show was the audience would want the characters to get off the island. How do we defuse that desire?

Lost levou para as networks clássicas o padrão que a HBO estava a impor como a "Nova Televisão". E é uma lição para qualquer roteirista que a ideia original tenha vindo de um executivo.

I Was an A-List Writer of B-List Productions
Sholokov, Shakespeare, Campbell: such was my considerable range as a screenwriter for hire. Nowadays when I open a green envelope, it feels less like reaping a reward than confronting a feverishly hardworking and naively idealistic ghost of myself.
Outra lição para roteiristas: é possível ser um escritor apaixonado de qualquer coisa - mesmo de subprodutos televisivos de que ninguém se vai lembrar.

Neil Gaiman: Keynote Address
People keep working, in a freelance world, and more and more of today's world is freelance, because their work is good, and because they are easy to get along with, and because they deliver the work on time. And you don't even need all three. Two out of three is fine. People will tolerate how unpleasant you are if your work is good and you deliver it on time. They'll forgive the lateness of the work if it's good, and if they like you. And you don't have to be as good as the others if you're on time and it's always a pleasure to hear from you.
Um discurso do escritor britânico numa cerimónia de final de curso. Em 2012 li discursos de formatura do David Foster Wallace, do Aaron Sorkin, do Steve Jobs... são sempre inspiradores e interessantes, mas este é aquele de que gostei mais, quanto mais não seja porque qualquer pessoa que trabalhe ou já tenha trabalhado como freelancer entenderá as palavras aqui em cima como absolutamente corretas.

Teller Reveals His Secrets
Magic is an art, as capable of beauty as music, painting or poetry. But the core of every trick is a cold, cognitive experiment in perception: Does the trick fool the audience?
Teller é um filósofo da magia. No palco ou na televisão, ele é mudo. Mas, quando decide falar, todos o deviam ouvir.

Daddy: My Father's Last Words
“Love!” he said with each point of his finger. “Love! Love! Love! Love! Love! Love!”

No final deste texto, tinha os olhos cobertos de lágrimas. É tudo.

My Father's Fashion Tips
Make sure to splash some cologne on your privates—that’s another thing.
Um artigo ótimo da GQ onde um jornalista fala da sua relação com o pai através dos conselhos de beleza que este lhe dava - e como eles sobrevivem, ou não, na velhice.

Minha dor não sai no jornal
Eu era fotógrafo de O Dia, em 2008, quando fui morar numa favela para fazer uma reportagem sobre as milícias. Fui descoberto, torturado e humilhado. Perdi minha mulher, meus filhos, os amigos, a casa, o Rio, o sol, a praia, o futebol, tudo.
A liberdade de imprensa no Brasil e no mundo é um tema que sempre dará muito que falar. Este é um caso extremo, e a ser lembrado sempre que tivermos que provocar a coragem - e nunca o medo.

The Most Amazing Bowling Story Ever
One man, an opponent of Fong’s that evening, calls it “the most amazing thing I’ve ever seen in a bowling alley.” Bill Fong needs no reminders, of course. He thinks about that moment—those hours—every single day of his life.
Já seria difícil pensar que poderia ficar agarrado a um artigo sobre desporto, mas nunca na minha vida imaginei que não poderia largar um texto sobre bowling. Um magistral exercício de narração, e atiro uma bola de metal à cabeça do primeiro que me disser o contrário.

The Savage Eye: Aesthetics After 9/11
Apparently, even the severe-clear horrors of 9/11 weren’t immune to the Stepfordization all around us — the replacement of the immediate by the mediated, the physical thing by its filmic image.
Lembrei-me muito deste texto há semanas, quando a fotografia no New York Post do homem empurrado para a linha de metro foi notícia. A fotografia, mais do que o homem.

Hard Core
He couldn’t stay aroused. Over the course of the tryst, I trotted out every parlor trick and sexual persona I knew. I was coquettish then submissive, vocal then silent, aggressive then downright commandeering; in a moment of exasperation, he asked if we could have anal sex. I asked why, seeing as how any straight man who has had experience with anal sex knows that it’s a big production and usually has a lot of false starts and abrupt stops. He answered, almost without thought, “Because that’s the only thing that will make you uncomfortable.” This was, perhaps, the greatest moment of sexual honesty I’ve ever experienced—and without hesitation, I complied.
Não sei porquê, comecei a ler esta reflexão sobre as ligações entre pornografia e a vivência social convencidíssimo que não a iria querer acabar. Mas, no final, sabia que tinha acabado de ler o melhor texto sobre sexo dos últimos tempos.

Club Unicorn: In which I come out of the closet on our ten year anniversary
This is the post where I tell you that I, Josh Weed, am homosexual.
Um mórmon declara-se homossexual para o mundo, escrevendo um artigo no seu blog junto com a sua mulher de há dez anos, com quem continua casado e que não tem intenções de abandonar, trair ou deixar de se relacionar sexualmente. Confusos? Eu também fiquei, e a melhor coisa do texto é como ele parece ouvir as perguntas que vão surgindo na nossa mente e as responde.

10 Timeframes
I’ve been talking for around a minute now. If this speech was a century long we’d be ending the first decade. If it were the 20th century we’d be thinking about getting a telephone installed and wondering if we should trade in our horse for a car. Depending on where we lived, of course.
O que é o Tempo, e quantas acepções podemos ter sobre ele?

The Most Dangerous Gamer
This is what makes Blow’s games so remarkable: at great personal expense, in ways no other developer has even attempted, he struggles to communicate a deeply authentic vision of the meaning of human existence.
Não é normal, mesmo na imprensa da área, ler sobre criadores de videogames que invocam para si, quer queiram quer não, uma qualidade de "autor", transportando para os seus jogos as suas reflexões sobre a vida e o mundo. Talvez seja porque não há muitos. Pelo menos, este é um deles.

E, SÓ PARA ACABAR...
Descobri o Diário do Centro do Mundo através um texto magistral sobre o candidato Celso Russomanno que circulava pelas redes sociais aquando da campanha para as eleições municipais. Russomanno estatelou-se nas eleições, mas o Diário ficou-me. Acho que algum do melhor jornalismo em português está a ser escrito hoje lá. Um elogio a Paulo Nogueira por levar este projeto para a frente.

Retrospectiva, 1 de 2: dez coisas que escrevi online em 2012

Já que estamos em tempo de olhar para trás antes de olhar para a frente e tal, decidi também entrar em modo de reciclagem. Hoje seguem os 10 posts deste ano de que, por uma razão ou por outra, gostaria de me lembrar que escrevi. E não se preocupem, amanhã há coisas mais à séria, ok?

Escrever: 5 anos, 10 regras
Notei há umas semanas que ando a trabalhar exclusivamente nisto de escrever prosa há já cinco anos. Por isso, lembrei-me de escrever uma série de regras que aprendi na prática ao longo desse tempo.

O que eu quero que o livro que vou escrever tenha
O livro tem que me pôr em causa. E eu vou ter que saber defendê-lo. Defendendo aquilo que me põe em causa, conseguirei, não sei como nem porquê, defender-me a mim também.

Para os meus amigos brasileiros
Os portugueses podem ser quezilentos, problemáticos, reclamões e, ao mesmo tempo, conformados com a situação e incapazes de mudar seja o que for. Mas no 25 de Abril todos nós nos unimos por sabermos que todos somos iguais enquanto donos do nosso país e do nosso destino.

Perícia sobre Patrícia
Seria bom viver num mundo em que se começa no chopp e em poucos anos se acaba a dar na coca até morrer. Num mundo assim, saberíamos com o que podemos contar. Mas o mundo não é assim.

Noturno
É noite e o morcego sai do castelinho da Rua Apa. Vejo-o da janela da minha casa, descrevendo círculos intermináveis em volta da árvore que está mesmo em frente.

Salvador no Brasil: a série que gravei com o Salvador Martinha
Espero que esta série ajude a mudar a imagem que alguns portugueses têm sobre os brasileiros e a que alguns brasileiros têm sobre os portugueses. E, acima de tudo, espero que ela ajude a mudar a imagem que a generalidade do público tem sobre a profissão de humorista.

Sobre o Bloco do Eu Sozinho de Los Hermanos
Pensamentos e observações enquanto ouvia um disco completo de Los Hermanos pela primeira vez.

Tudo é iluminado? O cara**o. Tudo é bem escuro.
Não sei bem como, mas eu sei que estas coisas estão ligadas. Eu sei, eu sei, eu sei, eu sei, eu sei.

Todos os Cus
Olhem bem as duas imagens. Não há uma diferença óbvia entre as anatomias fotografadas?

Um gajo, emigrante e tudo, a pensar a crise
E vocês perguntam: o que sabes tu de economia para dizer estas coisas? Eu respondo: nada, mas parece que os senhores que diz que sabem também não lhe mandam muito jeito para a coisa. E agora, o que fazemos?

As maravilhas de uma casa que não tem número


A casa onde cresci não tem número. Fica num lugar, numa freguesia, e é só.

O carteiro sabe ligar o nome nas cartas às pessoas que aqui moram e quem antes vinha de fora não tinha grande dificuldade de encontrar o lugar, porque a casa estava mais sozinha. Porém, como nos últimos anos se têm construído casas e mais casas e prédios e o c*****o aqui dos lados, a minha fica cada vez mais difícil de achar por forasteiros.

Ontem, incomodado com o livro que encomendei de Espanha nunca mais chegar (as conversas do Cameron Crowe com o Billy Wilder, aaaah...), mandei um mail à transportadora do Porto que o devia trazer. Responderam-me a dizer que o traziam hoje. Agradeci e, já prevendo a dificuldade dos moços, mandei o número de telefone fixo e as coordenadas do Google Maps.

E o que me aconteceu hoje, o que me aconteceu hoje? Ora, acordei com o rapaz da transportadora a ligar-me para o telemóvel e a perguntar como aqui chegava. Perceberam? Tinha mandado o telefone de casa e as coordenadas. E ele liga-me para o telemóvel a perguntar onde é. Acordando-me.

FML!!!

Sonho de Outono Numero Trinta e Nove


Em 2004, inspirado pela leitura de "Lipstick Traces" de Greil Marcus, fiz este filme. A música é uma trilha clássica qualquer em reverse e os vídeos foram feitos com a Olympus C-5050 que tinha na altura. Concorri com ele a um concurso do Fantasporto. Não me perguntem qual, até porque, mesmo na altura, só percebi que era um concurso de votação popular um dia antes de ela terminar. Também não me perguntem porque decidi partilhá-lo com vocês agora.

A movida de Monção: Killer Mustang e Mau Amigo

Não é comum chegar à terra natal e ver dois concertos seguidos de bandas de amigos. Ainda menos comum é que elas sejam também bandas ótimas, uma seguindo no trilho de Mike Patton e a outra uma digna representante do mais puro pós-rock. Mas foi isso mesmo que me aconteceu estes dias. Invejem-me, e apreciem os Killer Mustang e os Mau Amigo.


http://bandcamp.com/EmbeddedPlayer/v=2/album=1549188197/size=venti/bgcol=FFFFFF/linkcol=4285BB/

Enquanto a TVI...

...passa uma espécie de programa em que os apresentadores todos se embebedam enquanto uns coitados de uns músicos fazem versões fatelas de canções conhecidas, eu estou todo entretido a ver isto.
httpv://youtu.be/WiDgeNBsMEA