2013?

Que uso se pode dar a esta complicação chamada tempo?

O calendário juliano foi implementado em 46 e vigorou durante 1536 anos.

Enquanto ele organizava as datas do Império Romano e da Cristandade, os árabes entraram na Península Ibérica (711). Até à inclusão do Algarve (1249), Portugal, em todo ou em parte, foi árabe.

Foram 538 anos.

Claro que, na época, Portugal seguiu o calendário islâmico e, segundo este, a ocupação terá durado uns 554 anos. Mas, para facilitar, digamos 538 anos.

O que são 538 anos?

Há 538 anos, Portugal ainda não tinha chegado à Índia, ao Brasil, ao Cabo da Boa Esperança. Nem a linha do Equador tínhamos passado ainda. Os tupis do Brasil ainda não tinham conhecido capitanias, bandeirantes, o Deus católico, europeus ou pão de queijo.

O calendário juliano foi substituído pelo gregoriano em 1582.

Isto foi há 431 anos.

O que significa que o calendário que todo o mundo hoje segue está em vigor há menos tempo do que o tempo que Portugal foi árabe.

Segundo o calendário juliano, hoje estaríamos ainda no dia 19 de Dezembro de 2012.

Ou seja, festejar o ano novo não é celebrar bem uma "coisa" ou um "fato".

Festejar o ano novo é celebrar um fait-divers que decorre do sistema que o papa Gregório III e académicos como Christopher Clavius ou Luigi Giglio impuseram em 1582.

O ano novo só é celebrado em todo o mundo porque a colonização europeia levou o calendário gregoriano a todo o mundo. Como a ocupação árabe, por seu lado, trouxera o calendário islâmico para a Península Ibérica.

Hoje, os tupis estão quase extintos e o Brasil tem europeus e pão de queijo. Portugal, por seu lado, já não tem nem um átomo do ouro que ganhou durante os Descobrimentos.

Mas, pelo menos, todos sabemos quando chegamos atrasados.

Este texto teve o apoio do Calendar Converter.