Massa e Milei

Vejo o último debate das presidenciais argentinas, que serão daqui a uma semana. Massa é frio, experiente, do aparelho. Milei é um pistoleiro disparando para todos os lados. A estabilidade de Massa implica que pouco mude se ele ganhar. A novidade de Milei implica que, se ele ganhar, venha a ser mais manipulado do que manipulador. Achei tudo muito fraco.

"Pamonhas, pamonhas... pamonhas..."

Em Portugal, que eu saiba, pamonhas são mais as de duas pernas e falantes. As de comer, pouco se encontram e carrinhos com alto-falante não há mesmo. Por isso, sempre achei muito curioso quando ele passa aqui na rua, até pela impressão de que o homem vai ficando cada vez mais triste sempre que repete a palavra "pamonhas". Pamonhas... pamonhas... pamonhas...

A nova música dos Beatles

Os filmes de O Senhor dos Anéis geraram uma série de eventos que, de alguma forma, nos permitiu ter esta música hoje. Acho isso fascinante.

Feriado

Dia de tomar café na padaria, entre a classe média alta paulistana. 

Na mesa dum lado, uma velha desabafava com a garçonete. Ela acha que a sua empregada doméstica "tá roubando". Deve ter vindo falar disso na padaria porque em casa mais ninguém tem paciência para a ouvir.
 
Do outro lado, um casal. Ela queixando-se dum colega de trabalho. Ele com medo de que o sogro deixe o apartamento na praia para o cunhado no testamento.
 
Que mundo de gente pequena. Ser rico é ter segurança? Então ali é tudo pobre. "Ser livre é não ter medo" (Nina Simone).
 
A velha só tomou um café e foi-se embora. 

O casal fez um pedido enorme e ficou muito desapontado por não haver rabanada.

Joe Pera Talks With You (2018-2021)

Há uma semana exata, vi uma entrevista engraçadíssima de Joe Pera ao Seth Meyers. Ela levou-me até à série dele, Joe Pera Talks With You (originalmente do Adult Swim; no Brasil, está na HBO Max). Feita de três temporadas com episódios minúsculos, de 11 minutos, esperava que fosse só uma comédia divertida para relaxar um pouco depois de jantar, mas veio-me uma das produções de televisão mais perfeitas que alguma vez me passou pela frente. 
 
Parece um exagero, mas realmente não é. Não imagino como um episódio de televisão possa ser melhor do que, por exemplo, Joe Pera Reads You The Church Announcements, o sexto da primeira temporada, que tem uma classificação de 9,6 no IMDB. 
 
São episódios escritos com a precisão de um relógio, mas filmados e editados com tempo para respirar. O tom é carinhoso, lembra Derek e certamente influenciou Ted Lasso, mas o pé fica no chão, junto da comunidade que a inspirou e onde foi gravada, com aquela quarta parede translúcida ao jeito de P'tit Quinquin. Impressiona (ou talvez não) que uma história simultaneamente tão real e tão carinhosa, que passa o tempo a dizer-nos que os absurdos do mundo são para atravessar juntos, tenha surgido durante a presidência Trump. É um abraço em forma de série como nunca vi e não a posso recomendar mais.