Sobre a RTP2


O Governo português anunciou que a RTP2 vai fechar. Ao contrário do que seria de esperar, a notícia não me surpreende nem me revolta. Não me surpreende, porque a decisão foi tomada por quem aparentemente acha espetacular tirar cursos por correspondência e, perante a avalanche de ditames financeiros impostos por Bruxelas, tem que cortar gastos por tudo o que é lugar. E não me revolta, porque o mercado audiovisual abriu-se, alternativas existem e outras vão surgir. Talvez algumas de qualidade.

Mas.

É preciso saber o que vai ser esse caderno de encargos que o governo vai passar ao privado que ficar com a RTP e principalmente definir o perfil desse privado. A linha de conteúdo continuará a mesma? Ou vai aparecer um canal como a TV Cultura brasileira, que é "mantida pela Fundação Padre Anchieta, uma fundação sem fins lucrativos que recebe recursos públicos, através do governo do estado de São Paulo, e privados, através de propagandas, apoios culturais e doações de grandes corporações" e tem uma programação bem cumpridora do que deve ser o serviço público?

Acabar com a RTP2 significa acabar com um canal, não com a sua linha de programação. O mistério não é o que vai acontecer com ela. É o que vai acontecer com a RTP1.