Documentário sobre a falecida juíza Ruth Bader Ginsburg, com um foco curioso na forma como, em anos recentes, ela ganhou fama online e se tornou ícone da cultura popular. Respeitoso, mas interessante.
Rever este filme provocou-me um movimento duplo da memória: o tempo que passou desde a sua estreia é mais ou menos o mesmo que o separava da “Madchester” dos anos 70-80 que retrata. Sempre fico um pouco melancólico quando me lembro dos cinemas Avenida em Coimbra, mas aqui a melancolia não dura muito, porque, mal começamos a ouvir Happy Mondays, a gente quer é dançar e ser tão feliz quanto o Bez.
Duas adaptações honestas de Stephen King. Veem-se bem, apesar de nenhuma ser perfeita. “Apt Pupil” é muito eficaz ao montar um jogo de gato e rato que nos faz duvidar constantemente sobre quem é herói e quem é vilão. “1408” parece uma espécie de exegese dos temas em “The Shining”, mas ainda dá para dar uns pulos de susto no sofá.
Mereceria um lugar na história da cinefilia apenas por ser o primeiro filme em que Matthew McConaughey diz “alright, alright, alright”. Porém, é muito mais do que isso. Enquanto retrato geracional, poderia formar um díptico com o “American Graffiti” de George Lucas, feito vinte anos antes e sobre uma noite vinte anos anterior à que vemos aqui. Se considerarmos o quanto Richard Linklater gosta de abordar a passagem do tempo enquanto tema (“Boyhood”, a trilogia “Before”), talvez isso não seja apenas pura coincidência.
Não sei se é por os últimos 40 anos de filmes terem mostrado prisões muito cruéis (“The Shawshank Redemption” vem-me imediatamente à mente só por mencionar o género), mas, sinceramente, não achei as prisões turcas assim tão más. O sistema jurídico, sim. De qualquer forma, pela forma como cria um Outro primitivo e incapaz de lidar com as suas próprias limitações, este é um filme modelo de olhar hegemónico norte-americano, não é?
O debate sobre este filme nas redes sociais foi mais um daqueles que se fazem por não haver muito mais a falar. Não diz nada de novo? Talvez não, mas manter o público em alerta constante sobre os perigos da partilha de dados nas redes sociais e a forma como elas podem ser usadas para atingir objetivos odiosos é hoje uma necessidade tão premente como a de lembrar sempre as pessoas que o cigarro faz mal. Ainda assim, a ficção e o tom final de "vai ficar tudo bem" espetacularizam a mensagem de forma dispensável.
A gente diz que o Chef's Table está velho, mas depois ele atira-nos com uma velhinha norte-americana que faz um brisket que sai da churrasqueira a derreter e com mulheres maias que nos ensinam a "cochinita pibil" e vamos fazer o quê? Comer pelos olhos, certamente.