Robin Hood: Prince of Thieves (1991)

Revi-o depois de, à vontade, umas duas décadas e percebi que talvez tenha sido a primeira vez que vi o Morgan Freeman. Já não me lembrava de como tem pormenores divertidos, como a mistura das aventuras de Robin Hood com bruxaria e pactos com o demónio, e os efeitos pré-CGI (o Terminator 2 estreou poucas semanas depois dele, tornando-o de repente uma coisa do passado). Porém, aquele plano que acompanha a flecha até à árvore ficara-me na memória. Acho que finalmente descobri como o fizeram e deixo a resposta que escrevi para o Quora aqui nos comentários..

Homecoming s02 (2020)

Este projeto paralelo do Sam Esmail já tinha sido das melhores coisas a estrear em 2018, e a 2ª temporada é um portento. Um longo episódio de Twilight Zone com um toque dos anos 70, atores ótimos, trilha poderosíssima..

Hagazussa (2017)

Um belo filme de terror. Quem gostou de A Bruxa vai gostar também. Recomendo para quem se interessar por pelo menos três dos seguintes itens: bruxaria; o Feminino; maternidade; os Alpes; dialetos austríacos.

Le Mépris (1963)

Logo no início, cita-se Bazin: «O cinema substitui o nosso mundo por um mundo que corresponde aos nossos desejos». Corta para Bardot nua e Piccoli dizendo-lhe que a ama por completo. Nela JLG tem a estrela que Anna Karina não era. Mostrar BB é fazer o espectador participar de uma reflexão sobre a sua relação com o corpo feminino na tela e, por outro lado, com a própria Bardot enquanto fenómeno. Que arte esta, que faz de alguém fenómeno apenas mostrando-lhe a existência. Como diria Žižek, isto é o Cinema ensinando-nos o desejo, mas também é só um aspecto de um pensamento maior sobre uma sua contradição essencial: a de tentar revelar a verdade necessariamente através (ou no seio) da ilusão. A impossibilidade da comunicação entre personagens reflete, precisamente, essa frustração essencial. Lang, o cineasta dos espaços abertos, interpreta-se a si mesmo num filme cujo Cinemascope só serve para revelar a solidão intrínseca das pessoas que os percorrem. E eu revi-o puxando a cor e o contraste ao máximo, como me lembro de tê-lo visto há 20 anos no TAGV, em Coimbra..

Normal People (2020)

Foi-me recomendada por um amigo, comecei a ver e só depois é que descobri que está a ser adorada por montanhas de pessoas. No início, torci um pouco o nariz: "o que é isto, o Morangos com Açúcar na Irlanda?". Revelou-se-me depois a rara sensibilidade e realismo com que ela mostra um primeiro amor da adolescência à juventude — ou seja, o anti Morangos com Açúcar, se quiserem. Bonita série..

Borgen (2010)

Acabei de rever a 1ª temporada. O seu brilhantismo está em fazer precisamente o contrário de House of Cards: em vez de uma pessoa má conquistar o poder para se beneficiar, vemos como o mero exercício do poder é suficiente para transformar uma pessoa com boas intenções. Ainda uma das mais fascinantes séries dinamarquesas que vi e com certeza uma das melhores ficções políticas de sempre..

Norsemen (2016)

Cacei de um comentário de um amigo no Facebook e fui ver na Netflix. Uma paródia norueguesa de "Vikings", com a particularidade (rara hoje em dia) de ter sido gravada simultaneamente em norueguês e em inglês. Reparem como logo na cena inicial (em que um escravo reclama da dificuldade de comunicação a bordo do dracar) se sublinha uma sátira que tem como alvos não só o presente e o passado mas também a forma como o passado é representado hoje em dia. Quase um Asterix para o século XXI. Tonta e deliciosa..

Vivre Sa Vie (1962)

No musical Une Femme Este Une Femme, "Angela" era uma figura essencialmente da ilusão e do espetáculo. Aqui, "Nana", prostituta por não conseguir ser atriz, está antes do cinema, antes da ilusão. Ou será Nana a Angela depois de falhar os seus sonhos? Godard neorrealista, mas, acima de tudo, construindo e desvendando o fenómeno Anna Karina.

Beasty Boys Story (2020)

Spike Jonze filma Ad-Rock e Mike D lembrando o seu percurso, homenageando Adam Yauch e pedindo desculpas por um dia terem sido misóginos. Enternecedor e divertido, mas achei o hype exagerado. Don't believe the hype.

ECAL Instagram Live: Jean-Luc Godard (2020)

Há um mês, Godard foi entrevistado para uma live. Está velhinho e parece ter um Parkinson leve. Diz tranquilamente que está a perder a memória de curto prazo e e até já se vai esquecendo de algumas palavras. Mas ainda manda umas bocas ótimas.