Criatividade e coiso

Às vezes perguntam-me como é que posso ser criativo (e o fato de ser sempre a mesma pessoa e só quando está bêbeda não importa para o caso). Eu, na verdade, não sei. Conheço pessoas muito mais criativas do que eu e com qualidade muito mais consistente. O que posso dizer é que grande e irrefletida parte da minha vida é ter ideias estúpidas sobre tudo aquilo que estou a ver. A minha cabeça insiste em ver pilas e mamas em arranjos de frutas, pensar "bucetinha" quando ouve "você tinha", ver um homem quase nu a curtir a Rua Augusta à noite e incomodar-se principalmente porque ele pode pisar um caco de vidro com os pés descalços. Para mim, essas coisas estúpidas são o primeiro estádio do que significa ser criativo e todos os artistas e escritores da História têm facilidade em aceder a ele. Por isso é que acredito piamente nas histórias que dizem coisas parecidas com Kafka se mijar a rir sempre que olhava para um par de tomates.

O segundo estádio é um de implicação e de reação contra o mundo. Apetece-te perguntar um "porquê?" permanente, que faz com que perante uma situação simples, como, digamos, um amigo que está com problemas com a namorada, comeces por perguntar quais os problemas e acabes a questionar-te sobre a verdadeira natureza do amor e das relações humanas. É o momento de fedelho ingrato da criatividade, o que demonstra uma superação mal resolvida. Não, à Freud, da fase anal e oral, mas da idade dos porquês, que é muito mais fofinho. Pensando bem, talvez isso venha de as perguntas feitas durante esses anos formadores não terem ficado bem respondidas. Outra característica das pessoas criativas, afinal, é que são teimosas. Daí, quando algum apreciador diz que não gosta, vir a tão criativa resposta "era mesmo essa a intenção".

E isso leva-nos ao terceiro estádio, em que as conexões atrás de conexões deixam de ser ocasionais e se juntam na forma de uma filosofia pessoal sobre o mundo e as pessoas. Toda a filosofia exige uma linguagem, porque o pensamento não existe sem palavras, e a linguagem não se fixa sem registo. Portanto, é a própria visão que exige a sua expressão através da linguagem artística. Este é um estádio ao que se ambiciona chegar e cujo valor só pode realmente ser avaliado por outra pessoa que não o autor, porque não adianta de nada dizer "reparem no valor tão grande daquilo que eu fiz, suas grandes bestas". Essa elaboração, por um lado, e esse apreço, por outro, são ambições permanentes do ser criativo que explicam a sua permanente frustração e o fato de com frequência eles não serem mais do que tristes attention freaks. Ainda, ressalve-se, que o sejam com génio.

Obviamente, há uma questão mais profunda que subjaz a tudo isto: por que fazer o que faço? Por que algumas pessoas se mantém no lado operativo e útil da vida e outras preferem andar a discutir criatividade e fixar em papéis e telas e celulóide coisas que lhe saem da cabeça? Uma reportagem que vi há tempos explicava a criatividade através de uma falha - efetivamente, uma falha - que levava o cérebro a não dar respostas diretas aos problemas e o fazia, em contrapartida, encontrar respostas inusitadas e novas para eles. É uma explicação curiosa, que explica o retardo mental de muita gente genial por esse mundo fora (veja-se Galliano). Mas eu prefiro acreditar que a criação de algo que mexe com os nossos sentimentos, preconceitos e, se tivermos sorte, com os fundamentos com que pensamos e vivemos a vida é tão necessária como aquilo que faz o mundo meramente funcionar. Como disse Oscar Wilde no prefácio do Dorian Gray, "podemos perdoar um homem por fazer uma coisa útil não admirável, mas a única desculpa para fazer uma coisa inútil é que alguém a admire intensamente. E toda a arte é bem inútil". E aí está a resposta à pergunta com que comecei este texto: uma pessoa criativa é uma apaixonada fazedora de coisas inúteis. Parece-me tão boa como outra qualquer.

Sobre não saber falar com as pessoas

Eu sou daqueles que têm algum jeito com palavras, não tanto com pessoas. Ou seja, quando inspirado, consigo comunicar bem as minhas idéias e até, quem sabe, divertir ou emocionar os outros. Para mim, comunicar tem sempre um objetivo. Eu quero que esta pessoa se sinta melhor com ela própria ou com o mundo, quero combater o ponto de vista dela ao ponto de ela se sentir humilhada por ter dito tamanha idiotice, quero convencê-la de que há melhores maneiras de pensar nas coisas e na humanidade. Ou, se ela for o Durão Barroso, quero ridicularizá-lo na frente dos outros. Nessa perspetiva, tudo é válido.

Mas entender, em relações ou momentos concretos, o que é que as pessoas querem sentir é sempre um mistério para mim. Um desafio permanente, como um jogo de xadrez que nunca acaba. Esse desencontro entre o conhecimento do objetivo e o da técnica é uma equação que estás sempre a tentar resolver. E por isso às vezes magoas quem não queres, e por isso dizes as coisas erradas.

A tua ingenuidade pode ser de diversa ordem. Não entenderes o que as pessoas querem de ti pode fazer com que peques por excesso ou por defeito, por dizer demais ou por dizer de menos. E, por muito que gostasses de pensar o contrário, entre a sinceridade e a mentira existem muitos níveis. O fato de não teres sentimentos maus dentro de ti contra alguém (exceto, ocasionalmente, o Durão Barroso) não quer dizer nada. Tens constantemente que escolher as palavras. Ou, então, escolher o silêncio. Isso pode significar pecar por defeito. Mas às vezes é a melhor solução.

O passado roubado na algibeira

Eu tive uma banda dos 15 aos 16 anos. Chamávamo-nos Spinning e tocávamos quase só originais. As nossas influências eram Nirvana, Pearl Jam, Rage Against The Machine, Red Hot Chili Peppers, Soundgarden, Faith No More, Rollins Band, Primus, Primitive Reason. Éramos os rockeiros da vila, tínhamos cabelo comprido e, por causa do grunge, não pensávamos muito no que vestíamos.

Uma vez, demos um concerto num bar de Monção. Descarregámos os instrumentos, esperámos que a sala enchesse, tocámos. Tínhamos muitos amigos na vila, que faziam as vezes de fãs encorajados. Era verão, estavam as meninas de Lisboa a visitar a terra dos pais, toda a gente se divertia. E tu sentes-te em cima do mundo durante uma hora. Tens 16 anos, o corpo não te pesa, tens o cabelo comprido para abanar enquanto tocas guitarra. É como se o Hendrix baixasse em ti e te fizesse sentir como ele durante esse tempo. Durante uma hora, és a maior pessoa do mundo.

Mas depois o som termina, a tua adrenalina baixa. As pessoas voltam às suas vidas normais, viram-te as costas e continuam a conversa que estavam a ter antes. E tu carregas os instrumentos para o carro, fechas a porta e pensas: terminou. Num momento, és o maior. No outro, és um merdas. Ficas à espera do próximo concerto, se houver, e a tentar reproduzir o sentimento durante os ensaios. Nunca é a mesma coisa.

Isso foi uma lição para a vida. Sempre que te sentires o maior, lembra-te que em breve te sentirás um merdas. O grande segredo é não deixar que o concerto termine. Mas isso, lá está, não depende de ti.

MEDIANO vencedor no Festival Silêncio

http://vimeo.com/25535394
A curta metragem que eu e o Victor Lemos preparámos para o Filmagens, do Festival Silêncio, arrecadou ontem o Prémio do Público e o Primeiro Prémio do júri. Estamos muito contentes e agradecemos a todos os que nos apoiaram, incentivaram, votaram ou simplesmente nos manifestaram o seu apreço, seja lá por que forma. Significou muito para nós.

Eu tenho que dar uma palavra especial aos Social Smokers. Sempre pensei que ler em público não é um mero ato em que um público aprecia, passivo, um texto lido para ser admirado, mas tem de ser necessariamente uma forma de entretenimento no mais nobre que a palavra implica. Por muito slam que tenha feito ou continue a fazer, foram os meus concertos com o Alex Cortez, o Silva o Sentinela, o B.I.R.U.L.ex, o Zé Lencastre, o João Pedro Gomes e, mais tarde, com o Ivo Palitos e o Sérgio Costa que fizeram com que realmente começasse a pensar no público que tinha à frente e nas soluções para que o ato performático ganhasse força junto dele. O MEDIANO, que adapta o texto com que abri a minha performance na Casa das Rosas em Abril, é um exemplo dessas soluções. Não o teria feito assim se os Smokers não me refrescassem a cabeça. Um grande abraço, amigos.

MEDIANO a concurso no Festival Silêncio


Depois de ter sido exibido na sexta-feira no Filmagens, no Festival Silêncio, MEDIANO, a curta-metragem que gravei com o meu grande amigo Victor Lemos, está a concurso para o Prémio de Público. Para votar, é só clicar na imagem acima (ou aqui) e fazer "Like" ali do ladinho direito.

O Festival Silêncio é um evento pelo qual tenho muito carinho. Foi lá a primeira vez que fiz slam e que conheci o resto dos Social Smokers. Foi ele que me permitiu ir ao European Poetry Slam em 2009, a Berlim, e chegar à final para dizer o meu poema à frente de 500 pessoas. É uma honra ter um filme lá. E é uma honra estar a pedir-vos para o verem.

Retrato do artista enquanto Zapeão


Foto de Tide Gugliano
Fazer crescer uma cena nunca é tarefa fácil, ainda para mais se estivermos a falar de algo que, pura e simplesmente, não existe. Apesar do tamanho e do cosmopolitismo de São Paulo, o slam só começou a ser organizado enquanto tal (poesia + performance + competição) há cerca de três anos, quando a Roberta Estrela D'Alva organizou os seus comparsas do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, ali pertinho da Pompéia. Como o mundo é um penico, a Roberta é amiga desde a infância do Newton Cannito, um dos maiores responsáveis pela minha vinda para o Brasil, e, interessada pela proposta dos Social Smokers, aproveitou os conhecimentos comuns para meio que se auto-convocar para nos acompanhar quando a banda esteve no Brasil em Novembro do ano passado. Foi então que conheci o Núcleo e o ZAP!, a noite de slam mensal que eles organizam. Já lá tinha ido uma vez, mas só como jurado - fiquei na mesma mesa de um gaúcho e, curiosamente, éramos sempre os dois a dar as notas mais baixas, o que nos fez temer pela nossa integridade física face ao pessoal da Zona Leste. Ainda bem que poesia é amizade. Mas aconteceu que, na última quinta feira, deu-me uma vontade de fim de tarde de ir à competição e, contra todas as minhas expetativas, a noite acabou comigo a ser o Zapeão, ao mesmo tempo que a Roberta Estrela D'Alva sacava o terceiro lugar na Copa do Mundo do Slam em Paris. Ganhar é sempre bom, mas os minutos em que ouvi a poeta e atriz Ana Roxo fazer este poema foram o momento de slam ou recitais ou saraus ou leituras públicas ou seja lá o que for que mais me emocionaram na vida. Por isso, deixo-o aqui, desejando uma vida longa ao ZAP!
Comecei a escrever aquele texto triste

talvez não seja triste ou não tão triste
quanto deveria ser um texto sobre eu e você
talvez só seja assim, melancólico
com medo do sofrimento
que viria, e veio devagar
começa assim de repente
meio no meio de uma tarde chuvosa e com enchente
depois tem um espaço onde cabe o silêncio
e por onde podem escorrer umas lágrimas
não tem fluxo o texto
começa de supetão
e para um tempão num vácuo
depois fica bonito a beça
eu falo de cores que eu conheço e queria te contar
conto de coisas que vi e vivi
e te faço convites incríveis
descrições inimagináveis de lugares em que estive sozinha
falo de montanhas que são ondas, deuses hindus, mitologias inventadas
animais fantasiosos, deuses pagãos, sagas heróicas,
dançarinas de vários braços, de um homem com três bocas cantantes
do dia em que o capeta me paquerou
e de como os deuses as vezes descem a terra e brincam com a gente
conto quase tudo de impensável
e nessa parte eu te impressiono.
Depois vai ficando mais cafona,
porque meu repertório não é tão bom assim.
Mais pra frente fica triste e bonito de novo.
Eu vou dizendo que te amo de vários jeitos
primeiro clichês e mais pra frente novos,
que nem aquele dia
que eu disse eu te amo só com o olho,
no meio de uma frase e você não esperava
(porque eu passei grande parte da nossa história
inventando jeitos diferente de dizer eu te amo
então nada mais justo do que colocar isso naquele texto)
Coloco um mar no meio, pra deixar mais água
e nessa hora fica feio, um pouco infantil
eu me fragilizo muito e digo
que foi tudo culpa minha
como se a culpa existisse mesmo e eu acreditasse nisso
mas é só pra você se impressionar de novo
e ficar mais um pouco do meu lado.
Mas nem assim adianta
você parte mesmo assim
e talvez até por causa disso
(no final dos meus textos você sempre vai embora)
mas aí no texto eu minto
dizendo te dei um mais beijo
e disse tchau com muita dignidade
(e não chorei nem fiquei aflita
nem me joguei no chão
e quis tomar formicida)
ou talvez eu coloque uma piada
não sei, eu ainda não terminei o texto.
Mas acho que no fim
eu saio com uma desculpa esfarrapada
dizendo por exemplo
que eu ainda não terminei.

Canções do exílio: "São Paulo 451"

httpv://www.youtube.com/watch?v=Dj9bhGxlyIg
Belle Chase Hotel foi das bandas que mais acompanhei. Estive em 1998 em Paredes de Coura, quando eles foram o primeiro grupo não editado a tocar no palco principal. Fossanova foi a minha banda sonora para os tempos iniciais de Coimbra, numa altura em que a cena musical lá se dividida entre a pop de cabaret deles e o rockabilly dos Tédio Boys. O segundo álbum, La Toilette des Étoiles, sumarizava na perfeição o espírito que se sentia por aqueles tempos. E, curiosamente, quando em Março deste ano andei por Portugal a atuar com os Social Smokers, o próprio Jp Simões (vocalista da banda, entretanto desfeita) veio-nos acompanhar nalguns concertos. Por isso, companhia por companhia, eles estiveram sempre lá. Cantei São Paulo 451 várias vezes por aqui, principalmente em coro com amigos portugueses, para provar aos brasileiros que há canções portuguesas em PT-BR. Pelo menos uma, vá. E, não, o Roberto Leal não conta.

Canção: São Paulo 451
Intérprete: Belle Chase Hotel
Álbum: La Toilette des Étoiles

Letra:
Naquela praça suja com merda de pombo,
patrulhada pelo sexo,
ele chega às quatro
polindo o sapato
p'ra vender o seu amplexo

E os homens passam,
notam seu bigode,
mas na coxa se extravasam.
Veio sua amiga,
a loira José,
convidando para o café.

E ao segundo brande,
já José se expande,
esboroando seu baton:
"Amanhã não estaremos aqui,
veja se bebe um pouco e sorri
tira esses olhos do chão!
O futuro é lindo: eu já vi!
E o avião vai directo para lá!
Vamos embora dessa aflição!".

E Manuel morena
tomou os seus calmantes
por causa dos joanetes.
E disse cansado que estava assustado
pois nunca tinha voado:
"E se há um acidente?
E se o passaporte?
Será que não sentes o medo da morte?
Me dá um cigarro!
Me dói a cabeça!
P'ra quê tanta pressa?
E a depilação?".

"Amanhã não estaremos aqui
veja se bebe um pouco e sorri
tira esses olhos do chão!
O futuro é lindo: eu já vi!
E o avião vai directo para lá!
Vamos embora dessa aflição!".

No dia seguinte
num canto da praça
quem passou podia ver
duas prostitutas tão deselegantes
acenando p'ra você.

O primeiro ato da ópera Deu-la-Deu: vídeo

httpv://www.youtube.com/watch?v=Eqy1yE1O1n8&feature=share
A qualidade de som e imagem não é a melhor, mas a Valença TV gravou a ópera Deu-la-Deu na íntegra. É uma ideia bem aproximada do que foi o espectáculo que aconteceu no sábado nas muralhas de Monção e que será interpretado na íntegra a 12 de Agosto.

Canções do exílio: "Meu Mundo Caiu"

http://www.youtube.com/watch?v=f_2MtwlnLg0
Maysa Matarazzo, ou simplesmente Maysa, casou-se aos 17 anos com um homem de 34 duma família bem numerosa - numerosa, entenda-se, de uns bons biliões de dólares. Felizmente, ela teve o bom senso de se separar 4 anos depois, porque ele não aprovava a sua carreira artística. Acabaria por se tornar uma das cantoras mais carismáticas e uma das mulheres mais desejadas do Brasil, o que talvez fosse fruto de um truque que ela fazia em palco chamado "cara de quem quer dar". Pelo menos, foi o que li numa entrevista recente a uma cantora a quem ela ensinou a habilidade. Desse ou não desse, quando interpretava Meu Mundo Caiu Maysa tinha uma violência e uma arrogância fora do comum, o que talvez tenha a ver com o facto de ela ter lançado esta canção imediatamente a seguir à sua separação. Há dignidade na sua interpretação, a de alguém que não se deixa rebaixar. É esse confronto - ao contrário da submissão que, por exemplo, a sua equivalente portuguesa Simone de Oliveira tem em Sol de Inverno - que a torna única.

Canção: Meu Mundo Caiu
Autor e intérprete: Maysa

Letra:
Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim

Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí

Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar

O primeiro ato da ópera que eu escrevi estreia amanhã


Uma ópera popular, invocando Deu-La-Deu Martins, heroína de Monção, vai ser apresentada no sábado nas muralhas da vila, contando com a inédita participação de 200 pessoas, inclusive grupos de bombos e gaitas de foles.
Escrevi Deu-la-Deu a pedido da Câmara Municipal de Monção, a minha terra natal. O curioso disto de se mudar de terra é que, ao mesmo tempo, eu já deixei a terra e, ao mesmo tempo, eu nunca a deixarei. Ou seja, já não sou monçanense, mas, ao mesmo tempo, monçanense é aquilo que eu nunca deixarei de ser. Por isso, quando me foi proposto que revisse o mito fundador da minha vila para a comemoração dos 750 anos do foral com que D. Afonso III a reconheceu como município, eu não podia deixar de refletir isso. Como poderia repetir uma história que ouvi vezes sem conta, sobre a qual já seria difícil ter algum poder de objetividade, e, ao mesmo tempo, torná-la interessante para quem também já a ouviu vezes sem conta? Fiz análise histórica, vi tratados de genealogia espanhóis e portugueses, almanaques com centenas de anos - e, depois, quando já tinha bem separada a História da lenda, ficcionei a minha ficção por cima para a fazer universal. A proposta de encenação das Comédias do Minho, integrando os grupos corais e de bombos locais, faz ainda mais sentido, faz todos os sentidos. Agora, ela já não é monçanense, mas, ao mesmo tempo, monçanense é aquilo que ela nunca deixará de ser.

O primeiro ato da ópera Deu-la-Deu será interpretado amanhã, sábado, em Monção. Vão vê-la, pois eu não posso.

As declarações de Passos Coelho à Rádio Renascença


Passos Coelho quer reavaliar lei do aborto e admite novo referendo
Afinal, ele pode ser liberal na economia, mas é conservador nos costumes. Também tenho uma ideia. E se mudássemos o Código de Trabalho para que, sempre que se despede um trabalhador contratado até 10 semanas antes, se vá para a cadeia? Não era fixe? Bora lá? E depois cantamos ópera juntos enquanto folheamos a Caras. Vai ser tão bom. Ou isto é só para roubar votos ao CDS e, a bem dizer, ele está-se a cagar para o que diz ou para como a lei fica desde que seja primeiro ministro? Isso é que não. Se é para ser retrógado, vamos sê-lo a sério. Pensando bem, direito de voto às mulheres para quê? A dele, já se viu num vídeo, até nem diz grande coisa. Vamos lá acabar com isso tudo. A sério, Passinhos, não desistas. Daqui a 4 anos, se tudo correr bem, podemos viver o sonho que outra pessoa sonhou por nós. Força, muita força.

Canções do exílio: "Mr. P. Mosh"

http://www.youtube.com/watch?v=hDYsPPtnNFs
Porque a minha mãe se queixou que ando a pôr músicas muito tristes, decidi pôr esta canção hoje. Assim, ela fica a saber que eu não sou triste. Poderei ser um porco, mas triste não. Descansa, mãe.

Conheci os Plastilina Mosh depois de uma sessão de "mostra canções do teu país" com um amigo mexicano com quem morei. Comparados com a Mariza, acho que eles ficam a ganhar, até porque a cor de cabelo deles é bem mais fixe. O mexicano, a quem toda a gente chamava Pancho, conhecia Buraka Som Sistema. Uma vez, partilhei com ele um jantar que tinha feito e que, por azar, me saíra muito salgado. Eu estava triste, mas, depois de ele ter comido, disse "salado pero bueno!". Eu pensei "valeu, Pancho" e fiquei mais contente, sem que para isso importasse que ele estivesse mais defumado do que um salmão.

Este é o segundo vídeo para esta música, composto por um outtake do primeiro. O que esta gente se ri aqui fá-lo merecer a primazia do olhar. Não consegui identificar o sexo da criatura que dança entre os Plastilinas, nem quero. De algumas coisas é melhor não falar.

Canção: Mr. P. Mosh
Autores/Intérpretes: Plastilina Mosh

Letra:
Anda pachuco king señorita linda
mi coche echa lumbre, mi corazon cosas bonitas
soy el hombre de la noche soy la sombra de la vida
mi sangre es la comida que te hace estar dormida.
pero no me hagas caritas solo busco otra salida.
bailando y cantando es tu castigo por ser viva
soy el verdugo de tus sueños
no soy malo soy veneno
no me mires a los ojos
porque puede que no encuentres nada mas que tu reflejo
Yo soy tu infierno

En el lenguaje del amor yo era el verbo en carne viva
yo era el dueño de estos bailes pero todo termino por:
Mr. p m.o.s.h

Soy la luz de este momento
no respiro soy de fierro
no me busques yo te encuentro
no me toques o te quemo
ya no quiero ser asi yo quiero estar junto a ti
pero asi es mi destino soy el rey de este camino
solo veanme pasar no me imiten es mortal
no me busquen o si no su calavera va a llegar

Lo queremos conocer es mi amor es mi querer
cada que vamos a fiestas de lejos se puede ver
es mr. p m.o.s.h

Ahora si todos conmigo vamos a bailar
Ráaascale mi jason
mr. p. m.o.s.h.
Mr. lópez
mr. t
mr p. mosh

Canções do exílio: "Bom Dia, Tristeza"

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=AU02ib4ur5U&w=425&h=349]
Uma das melhores canções para se ouvir em momentos de solidão. Se é isto que acontece quando um carioca e um paulista se juntam, talvez isso deve-se acontecer mais vezes (mesmo que, segundo Vinicius, o samba viesse a São Paulo para morrer, mas pronto).

Canção: Bom dia, tristeza
Autores: Vinicius de Moraes e Adoniran Barbosa
Intérprete: Roberto Ribeiro
Letra:
Bom dia, tristeza
Que tarde, tristeza
Você veio hoje me ver
Já estava ficando
Até meio triste
De estar tanto tempo
Longe de você

Se chegue, tristeza
Se sente comigo
Aqui, nesta mesa de bar
Beba do meu copo
Me dê o seu ombro
Que é para eu chorar
Chorar de tristeza
Tristeza de amar

The Burning List com a pessoa que aqui escreve

O programa The Burning List, da Rádio Universitária do Minho, contou há umas semanas com a minha participação e seleção de músicas. Espero que gostem.
[audio:http://podcast.rum.pt/uploads/The_Burning_List/2011-05-14 - JORGE VAZ NANDE.mp3]

Canções do exílio: "Vampiro Doidão"

http://www.youtube.com/watch?v=eepgPWVxeL4
Quando comecei a frequentar as festas da república onde fui morar quando cheguei a São Paulo - que tem o descritivo nome "Um Dia A Casa Cai" - e me passavam o violão, punha-me normalmente a tocar blues. Isso porque gosto, mas também porque o blues toca-se com 3 acordes que dão para tudo. E havia sempre alguém que chegava e, no embalo, tocava o "Vampiro Doidão". Raul Seixas, que eu só conhecia de saber que o Paulo Coelho tinha escrito letras para ele, é uma das lendas mortas do rock brasileiro, a tal ponto que gritar "toca Raul!" a alguém que está a atuar é um dos pilares da interação público/performer do país (uma espécie de "ò Elsa!" dita diretamente ao rabequeiro). E uma letra que dá a maconha como explicação para tudo na vida nunca deixará de espantar o sucesso.

Canção: Vampiro Doidão
Autores (pelo que consegui apurar): Os Impossíveis
Intérprete: Raul Seixas

Letra:
Puta que pariu, meu gato pois um ovo,
Mas gato não põe ovo, puta que pariu de novo.

Eu sou o vampiro doidão,eu sou o vampiro doidão
Passo o dia dormindo e a noite eu fumo um baseadão

Se droga fosse álcool eu morria de cirrose
Se álcool fosse droga eu morria de overdose

Sou vampiro doidão, sou o vampiro doidão
Eu to muito louco, etá baseado do bom!

Estava no escurinho, comemdo a empregada
alguém abriu a porta e eu comi a bunda errada

Eu sou o vampiro doidão, eu sou o vampiro doidão
Só faço sexo dentro do caixão

Gosto das moças virgens e das moças honrradas
Mas o que eu gosto mesmo é me infesta com a putalhada

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Só chupo sangue de menstruação.

Quando eu nasci, no bico da cegonha,
Na minha mamadeira foi dois quilos de maconha.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Eu fumo todas, e não abro mão.

Não sei como é que eu posso, não sei como é que eu pude,
Comer caco de vidro e cagar bola de gude.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Eu quero morrer todo peladão.

Marcelo é meu amigo, Marcelo é meu colega,
Eu vou fazer com ele o que o cavalo fez com a égua.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Passo o dia dormindo e a noite eu fumo um baseadão.

Eu vi papai Noel, montado num urubu,
Tomando Coca-cola e arrotando pelo cu.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Eu to muito louco, eita baseado do bão.

Humberto era careta, um cara retardado,
Fumou bosta de vaca e ficou muito pirado.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Só faço sexo dentro do caixão.

Eu fui ao cemitério e sentei na catacumba,
A puta da caveira beliscou a minha bunda.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Só chupo sangue de mestruação.

Pulei de pára-quedas, o pára-quedas não abriu,
Mandei o fabricante para puta que pariu.

Eu sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Eu fumo todas e não abro mão.

Quando eu morrer não joguem flores no caixão,
Podem jogar maconha que é pra eu subir doidão.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Eu quero morrer todo peladão.

Larica não tem hora, também não tem lugar,
Larica ta me dando mais vontade de fumar.

Sou vampiro doidão, eu sou vampiro doidão,
Passo o dia dormindo e de noite eu fumo um baseadão.

Canções do exílio: "Melodia Sentimental"

Hoje, dia 22 de Maio, faz um ano que pus o pé no Brasil. Efemérides devem comemorar-se e, na falta de fundos públicos para construir uma representação fálica de mim mesmo, durante um mês vou pôr aqui algumas das músicas que mais me encheram os ouvidos durante estes tempos.

Esta versão da Melodia Sentimental é - sem exageros - uma das canções mais belas que ouvi. A vulnerabilidade que o quarteto de músicos lhe dá, reduzindo-lhe o corpo com que ela fica com a orquestra na sua versão original de ópera, intensifica a noite que nela há, o escuro do mundo, a lua prateada lá em cima, um homem sozinho cá em baixo esmagado pela beleza de tudo. É perfeitamente possível ver onde estamos. Já o canto do Ney Matogrosso, claro, mas dolente e despojado, acentua aquilo que uma interpretação mais orelhuda esconde: um tema atravessado pela solidão.

http://www.youtube.com/watch?v=AQPddEHfLHs
Canção: Melodia Sentimental
Disco: A Floresta do Amazonas de Villa-Lobos (Assis Brasil)
Músicos: João Carlos Assis Brasil, piano; Ney Matogrosso, voz; Wagner Tiso, piano e sintetizadores; Jaques Morelenbaum, violoncelo; Jurim Moreira, percussão.

Letra:
Acorda, vem ver a lua
Que dorme na noite escura
Que surge tão bela e branca
Derramando doçura
Clara chama silente
Ardendo meu sonhar

As asas da noite que surgem
E correm no espaço profundo
Oh, doce amada, desperta
Vem dar teu calor ao luar

Quisera saber-te minha
Na hora serena e calma
A sombra confia ao vento
O limite da espera
Quando dentro da noite
Reclama o teu amor

Acorda, vem olhar a lua
Que brilha na noite escura
Querida, és linda e meiga
Sentir meu amor e sonhar

Impressões da Vila Madalena



Imagem gentilmente roubada daqui.

Até ontem, estive a morar na Vila Madalena, graças àquilo que se pode chamar uma coincidência feliz. A amiga de uma amiga decidiu viajar pela Europa e precisava de alguém para ficar na casa dela. Como ela partiu precisamente no dia anterior ao da minha re-chegada a São Paulo, eu acabei por ser o corpo presente que substituiu o corpo ausente dela.

A minha mãe não gostou quando lhe disse que ia morar na Vila Madalena. Talvez eu não lhe devesse ter dito, quando ela ouviu esse bairro ser mencionado numa novela, que era uma zona de bares e vida noturna. Como eu nunca tinha saído de casa à noite - nunca, em momento algum da minha vida - ela tinha razão em preocupar-se. Curiosamente, a minha passagem pela Vila prova a bela e contraditória natureza humana: durante o meu mês lá, não saí para os bares que povoam a região uma única vez, a não ser para comer alguma coisa e beber uma cervejinha na Mercearia São Pedro, que é o único boteco no mundo onde é possível comer-se um bauru ao mesmo tempo que se ouve Leonard Cohen. Ou seja, é o único boteco do mundo onde ao mesmo tempo apetece encher o estômago e cortar os pulsos.

Morei na parte alta da Vila, muito próxima da Heitor Penteado. O meu prédio estava rodeado de parquezinhos pequenos e muito verdinhos e casinhas com piscinas e pessoas que faziam as suas corridinhas ao fim da tarde ou no fim de semana com os cãezinhos ao lado levados pelas trelas e que faziam os seus cocozinhos na rua e algumas pegavam os cocozinhos que os cãezinhos cagavam com uns saquinhos e essas pessoas era boas pessoas, mas as outras que não pegavam não eram. Também não foi boa pessoa o motorista de ônibus que uma noite, depois do trabalho, não parou apesar de eu lhe ter acenado, obrigando-me a esperar uns 40 minutos pelo ônibus seguinte e tirando-me a vontade que levava de cozinhar. Graças a ele, experimentei pela primeira vez a sensação do criador romântico/pós-industrial de aquecer uma sopa de tomate Campbell's e comê-la. Considero que a lasanha de peito de peru da Sadia devia ter merecido mais a atenção dos artistas pop.

Tive uma colega de casa, que quase nunca estava lá, o que era espectacular, porque assim podia fazer coisas loucas como ver o Comédia MTV nas alturas e comer sopa de tomate da Campbell's sem que alguém saudável me viesse meter juízo na cabeça e dizer "olha lá que isso vai-te fazer doer a barriga". A sopa, não a Comédia. A Comédia é o melhor programa de humor do Brasil em ex-aequo com as entrevistas da Funérea e, quanto muito, vê-la nas alturas só me faria dor de ouvidos. Mas, voltando, a minha colega era muito boa pessoa e ensinou-me, entre outras coisas, qual a configuração ideal de um pano de prato. Agradecer-lhe-ei para todo o sempre, se bem que continue a não entender muito bem porque é que um trapo limpo não poderia servir para uma emergência.

Enfim, tudo o que é bom tem o seu fim. Tal como a Grécia, a amiga da amiga vai sair da Europa amanhã e reclamar a propriedade do imóvel. No entanto, fica aqui a devida vénia: acho que nunca estive num banheiro tão requintado numa casa particular, nem no Brasil nem em lugar nenhum. Com azulejos vermelhos, uma bancada larga e claridade abundante, foi um regalo tomar banho e fazer tudo o resto lá. Ele era tão bom que toda a gente o devia apreciar. Por isso é que não me importava nada quando os vizinhos se punham à janela a olhar para mim todo pelado. Como se diz na minha terra, o que é bom é para mostrar - e aquele banheiro era realmente ótimo.

Fala de Alberto João Jardim a uma nação chorosa


Não quero saber nem do FMI nem da troika nem de nenhum desses senhores que nos vêm dizer o que temos de fazer. Ninguém me diz o que fazer. Governo esta terra há décadas, sou eleito pelo povo. Quem vai dizer que o povo não tem razão? Ele nunca se engana. Se eu decido pelo povo e ele me reelege em democracia, e se a democracia é o regime em que o povo mais manda, então as minhas decisões são democraticamente corretas e nem eu nem ninguém tem o direito de as censurar. O FMI é que é ditador, porque vem mandar em nós sem ser eleito. Alguém elegeu esta gente? Não. Então porque devemos aceitar que mandem em nós? Se eu quero desviar sete milhões de uma empresa falida para outra para construir um campo de golfe, com que autoridade me vêm dizer que não o posso fazer? Onde é que estavam eles quando a minha ilha foi inundada e tivemos de reconstruir tudo, tudo? O campo vai trazer turistas, que vão trazer dinheiro. Vou construí-lo e trazer fortuna para todos os meus eleitores. Eu próprio cavo os 18 buracos, se for preciso! E na inauguração, quando todos estiverem a olhar para mim, se me apetecer baixar as calças e me cagar no FMI e na troika e no Governo central, me cagarei. Porque, se o povo me reelege continuamente, é porque todas as minhas decisões são democraticamente corretas - e essa também será.

Adiantando-me às teorias de conspiração sobre a morte sem cadáver de Osama Bin Laden


Bin Laden não morreu. Ele foi recolhido pelos Marines e levado para uma instalação americana de alta segurança, onde ficará oculto e anónimo até ao final dos seus dias. Foi a conclusão duma operação secreta que se alargou durante mais de 30 anos, desde que Bin Laden iniciou a sua relação com a CIA durante a guerra soviético-afegã. Enquanto ela apoiava os Mujahedin e os munia de armas e fundos, Bin Laden ia planeando uma trajetória que fundamentaria a política externa americana durante décadas, numa relação cúmplice em que ele se assumiu como um inimigo e a face do Mal, mas que, no fundo, serviu apenas para permitir que o setor do armamento e da guerra crescesse, com injeções de capital recorrentes pelo Governo americano. Após a queda da URSS (que ele, na guerra afegã, ajudou a precipitar), era necessário fabricar uma cenoura que fizesse o burro América andar - e ele foi essa cenoura. Apesar de Clinton não apoiar muito a ideia, a Administração Bush encontrou nela a desculpa perfeita para fazer crescer a sua base de apoio e conseguir garantir um segundo mandato depois de uma assustadora primeira votação em que foi preciso o irmão Jeb Bush dar um empurrãozinho na Florida para que o voto colegial valesse sobre o popular. Foi a própria Administração Bush que fez cair as Torres Gémeas através de um sistema de implosão (que elas tinham já desde a construção, pois esperava-se que no futuro fosse necessária uma ação deste tipo) e, aproveitando-se do milionário saudita como bode expiatório, orientou toda a sua política externa e interna para uma fase restritiva e securitária, que distraiu os ânimos da liberalização económica e permitiu que a bolha do imobiliário crescesse sem que ninguém percebesse, porque estava tudo muito preocupado com a guerra do Iraque, que, ainda assim, valeu pela deposição do ditador anti-xiita Saddam Hussein. Porém, as recentes revoluções democráticas no Médio Oriente e a crise nas finanças públicas americanas fizeram com que Bin Laden estivesse a sair demasiado caro a Obama, que decidiu que ele deveria sair lá da mansão pseudo-secreta e vir para os Estados Unidos, onde lhe serão oferecidos como compensação um cesto de fruta por dia e a Whitney Houston.

É curioso como...

...o primeiro de Maio teve a primeira justificação nos Estados Unidos (na Revolta de Haymarket, em que a polícia disparou sobre uma manifestação pacífica de trabalhadores na Chicago de 1886), mas os Estados Unidos não fazem feriado nesse dia, preferindo celebrar o Labor Day na primeira segunda-feira de Setembro porque o presidente Grover Celeveland não queria reavivar sentimentos negativos ligados ao fato.

Também é curioso como, ontem, depois da Cidade aTravessa na Casa das Rosas, fui beber cervejas com os amigos cariocas que fiz mais os amigos portugueses que já tinha e, entre uma história e outra, os portugueses lá cantámos os "parabéns a você" português (com mais uma quadra do que o brasileiro) e eu fiz questão, como faço sempre - porque, no fundo, no fundo, serei sempre um socialista utópico - de cantar o "parabéns" com a música da Internacional Socialista, que é aquilo que as boas maneiras mandam que se faça a amigos de esquerda. Sempre me surpreendi com o fato de as pessoas não conhecerem bem esta variante, por isso gravei um vídeo onde exemplifico.
http://www.youtube.com/watch?v=sGLrxcN6dYY
Sempre maravilhado pelo modo como esta música encaixa tão bem na letra, lembrei-me de algo que nunca tinha pensado: será que cantar a letra da Internacional Socialista com a música dos "parabéns" também resulta? Experimentei: resultou.
http://www.youtube.com/watch?v=0hmHtNyrvwo
Bom primeiro de Maio, camaradas, e parabéns.