STARSHIP TROOPERS (1997)

Se há alguém que se pode queixar de ter sido mal entendido, essa pessoa é Paul Verhoeven. Lembro-me bem de quando este filme estreou e de todas as acusações que o realizador ouviu: efeitos digitais maus e a mais, violência gratuita, elogio ao totalitarismo, e por aí adiante. A grande injustiça é que a ironia de Verhoeven não é tão difícil de compreender. A artificialidade dos efeitos, da história e das personagens e a forma como a nação, a ordem, o militarismo e o ódio ao inimigo são exaltados em excertos de noticiários (como ele já tinha feito em "Robocop") diz-nos outra coisa: «este filme é fascista porque ele faz parte de um sistema de imaginário — o cinema, a informação, as imagens que vocês veem — que é fascista». Torcemos pelos heróis de Verhoeven, porque queremos que o herói vença, mas, ao mesmo tempo, reconhecemos o absurdo do imperialismo militarista de que eles fazem parte porque o realizador deixa evidente que o meio audiovisual é um elemento fundamental para a construção desse imperialismo. Verhoeven foi castigado por ter colocado o género e o espectador moralmente em causa, e isso não se lhe podia permitir.