LE P'TIT QUINQUIN (2014) e COINCOIN ET LES Z'INHUMAINS (2018)

Há dias, conversava sobre o quanto as nossas expectativas e até estados emocionais momentâneos influem no apreço de um filme. Quando há uns anos vi "Le P'tit Quinquin", não me entusiasmou, mas ficou-me a sensação de que algo me escapava. Agora, ao ver "Coincoin et les Z'inhumains", percebi: não se deve ver estas séries tanto pelo que é representado quanto por deixarem a representação toda à mostra. Os atores amadores riem quando não devem rir, usam pontos para ouvirem as próximas falas (parte dos tiques de Bernard Pruvost, que interpreta o Comandante, tem essa razão) e às vezes são adoravelmente desastrados. 

Porém, essa realização plena do estranhamento brechtiano não significa que esta gente saia ridicularizada, muito pelo contrário. Esse recurso revela a comunidade de forma muito honrosa e simpática, e encontrar aquelas pessoas acaba por ser o grande gozo destas séries.  Gostei tanto disso na "Coincoin" que fui rever a "Quinquin" todinha!