BERBERIAN SOUND STUDIO (2012)

Este filme é um primor e confirma uma impressão que começava a ter sobre Peter Strickland. Vejo os filmes dele serem classificados como "thriller" ou "terror", mas eles não encaixam exatamente nesses géneros. Ou melhor, o que há de género neles serve apenas para que cumpram um outro propósito: abordar a expressividade (mesmo a material) do meio do Cinema enquanto tema. Também falei antes sobre a influência do "giallo" no diretor, mas corrijo-me: apesar de esse ser pensamento mais óbvio quando lhe sentimos o estilo, no "giallo" havia um crime a ser resolvido que dava a toda a história uma matiz de intriga policial. Em Strickland não há crime, e a inquietude e a tensão permanente que ele cria têm mais do terror italiano não "giallo" dos anos 60 e 70, como os filmes de terror gótico de Mario Bava ou mesmo "Suspiria" de Argento. Porém, também se pode dizer que em Strickland não há exatamente "sobrenatural", e é verdade. O que me parece é que o diretor substitui Demónio, fantasmas e quejandos pelo poder da imagem e do som e a forma como estes dialogam com o inconsciente, o sonho e as emoções das personagens.