Parasita (2019)

Para mim, os filmes de Bong Joon-ho sempre vieram com um "mas". Gostei de O Hospedeiro (Gwomeul, 2006), mas não o achei tão renovador e surpreendente quanto a crítica cantou na época. Expresso do Amanhã (Snowpiercer, 2013) pareceu-me interessante, mas meio disperso pelas suas cenas de ação. Okja (2017) era bonitinho, mas também muito ingênuo. Por isso, fiquei até um pouco surpreso quando vi Parasita ganhar a Palma de Ouro em Cannes e ser elogiado por vários amigos. Reconheço que, desta vez, não houve "mas".

Parasita é um portento e uma obra-prima de coerência estética que, durante duas horas, não se cansa de surpreender o espectador. Poucos filmes conseguem captar tão bem o espírito do seu tempo com uma linguagem que tem tanto de cristalina quanto de profunda. Os temas que trata colocam-no próximo de Us  ou de Coringa, mas Parasita consegue ir além nas proezas fílmicas que realiza e Bong Joon-ho consegue invocar um encantamento que só o Cinema, e mais nada, consegue e ainda nos deixa a pensar na vida e no mundo. Dificilmente um filme pode ser melhor do que isto.