Férias servem para descansar, mas eu acho que elas também servem como momentos de reflexão, bons para pensar no que se fez no antes e como se fará o depois. Gosto, por exemplo, de pegar em projetos criativos pessoais e dar-lhes um avanço. "Dar-lhes um avanço", claro, significa ficar a ruminar na meia dúzia de palavras que neles posso escrever enquanto, na verdade, estou é a mudar o design deste site e a comer sandes de chouriço. Mas valeu a pena, já viram que bonito ficou? (burp)
Outra coisa que gosto de fazer nas férias é aproveitar para me incomodar com aquelas coisas com que raramente me incomodo. E uma delas é roupa.
Cabe dizer que eu odeio roupa. Mais precisamente, odeio prová-la, comprá-la, vesti-la, lavá-la, pendurá-la, passá-la e, quando ela já está gasta, pensar em como me devo ver livre dela. Sou daquelas pessoas que nunca vê nada de que gosta e, quando a necessidade de se cobrir aperta, entra numa loja, compra tudo do que precisa e sai de lá a correr enquanto se chicoteia nas costas. Foi precisamente isso que aconteceu hoje. Mas, no meio do processo descobri algo que me fez sentir velho, resmungão e machista. E tudo no exíguo espaço duma Modalfa. Sim, sou um mãos-largas.
Como qualquer pessoa que anda muito ocupada a tentar salvar-se da influência corruptora do mundo, desconhecia o meu número de calças, por isso, tive de provar dois ou três até perceber qual encaixava melhor. Nesse processo, descobri que a Modalfa vende três tipos de calças: as normais ("straight"), as estreitas ("skinny") e as mais largas (tenho mais que fazer que lembrar-me do nome destas também, tá?).
Eu já vira pessoal a usar calças skinny e, normalmente, é tudo gente muito hipster e que, claramente, não se está a tentar salvar da influência corruptora do mundo. Mas nada me poderia preparar para o que se seguiu. Inconsciente do poder destrutivo do objeto, levei um modelo para experimentar. Enfiei-as pelos pés, puxei-as para cima e, apesar de nada acontecer na cintura, a barriga da perna sofreu tal pressão que parecia que estava a fazer de Martim Moniz contra a tíbia e o perónio. De certa forma, sentia que estava a vestir uns collants, mas uns que pudessem ser usados num manicómio para restringir os movimentos dos pacientes que teimassem em fugir. Uns collants de forças para o louco que, esta tarde, na Modalfa de Monção, fui eu.
E aí veio a parte machista da história: pensar que aquela merda não é roupa que um homem deva usar, porque um homem tem que poder estar confortável para
E a parte de se sentir velho e resmungão: a geração antes da minha queixava-se que nós ouvíamos música alta demais e não nos sabíamos vestir. Já a geração mais nova do que eu parece que ouve música feita por e para caniches cor de rosa e gosta de andar de colhões apertados. Isto demonstra uma grande inconsciência: ainda vão vir aí muitas manifestações e os governos não se vão deixar intimidar por pessoal a andar como pinguins. Não me conformo.
"enquanto se chicoteia nas costa" - Não só o capitalismo te corrompe. Também Diadema marca influências no teu estilo.
ResponderExcluirÉs um ser anal.
ResponderExcluirVai à Zara. esticam mais.
ResponderExcluirPreciso de ti para me rir
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=EeF57udj4-M
ResponderExcluirmuito bom aspeto, isso!
ResponderExcluir@[100000290093622:2048:Victor Lemos] anal!
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